Hoje, dia 22 de agosto, é o Dia Nacional do Folclore! Quem nunca ouviu falar da lenda do Saci? Ou a avó explicando para entregar um pires com sal aos andarilhos que batem às portas para não receberem a visita do lobisomem?
Crenças tornam-se costumes, hábitos tornam-se parte das lendas. Contadas de geração a geração, assim forma-se o folclore – o “ouvi falar”, “meu parente contou …” e etc.
Desde 1965, o dia 22 é instituído como o Dia do Folclore Brasileiro, com o objetivo de ressaltar a importância das tradições de cada região, valorizando-as. A data foi escolhida nesse dia por conta do folclorista britânico William John Thoms (1803-1885) que cunhou o termo “folklore” – “folk” em inglês significa povo e “lore”, conhecimento.
Tutu (O bicho papão do folclore)
Esse folclore de bicho papão possui diversas variações, inclusive em seu nome, sendo também conhecido como Tutu-Marambá, Tutu-Marambaia, Tutu-do-Mato, Bicho-do-Mato, Tutu-Zambê, Tutu-Cambê, dentre outros.
A origem dessa lenda não é muito exata, mas sabe-se que ela surgiu com influência portuguesa e africana. Inclusive, essa cultura de contar histórias e canções com bichos papões para disciplinar as crianças – principalmente na hora de dormir, é uma herança europeia. O mais próximo que os indígenas possuíam desse hábito era cantar para que os animais emprestassem seu sono às crianças, para dormirem bem e tranquilas.
Já a influência africana vem do idioma quimbundo, falado em parte do território angolano. “Quitutu” significa “ogro” ou “papão” – daí o nome Tutu.
A aparência do Tutu muda conforme a lenda de cada região, mas a maioria o descreve como uma figura escura, sem forma. Dizem que ele devora crianças choronas e/ou que não querem dormir. Em algumas regiões, ele é conhecido por sua grande força e por ser briguento.
No folclore baiano ele é, por vezes, associado ao porco-do-mato justamente por essa violência. Para o folclorista e antropólogo Luís da Câmara Cascudo, essa relação tem a ver com a expressão regional para o nome do bicho; no estado baiano, o porco-do-mato é conhecido como caititu. Daí, veio a confusão com “Tutu”.
Algumas canções de ninar do Tutu:
“Tutu marambá, não volte mas cá
Que mãe da criança lhe manda matar
Tutu marambá, desça do telhado
Deixe meu filhinho dormir sossegado
Jacaré tutu, Jacaré mandu,
Tutu vai s’embora, deixe em paz o meu amor
Tutu marambá, fuja do telhado
Que o pai da criança está acordado
Tutu marambá, vá embora pro além
Que a mãe da criança vela seu neném
Jacaré tutu, jacaré mandu
Tutu vai s’embora, deixe em paz o meu amor.”
“Calai, menino, calai,
Calai, que lá vem tutu,
Que no mato tem um bicho
Chamado Carrapatu.”
“O tutu cambeta. Come, come, come
Este menino, come, come, come,
Se o menino chorou, come, come, come
É por que não mamou. Come, Come, come
Se o menino não chora. Come, come, come
O tutu pode ir s’imbora. Come, come, come”
A lenda do Labatut
Esse monstro é originário do sertão cearense e potiguar, mais especificamente, da Chapada do Apodi. Na maior parte das vezes é descrito como um ciclope, com sabres saindo da boca e pés arredondados. Algumas versões variam entre pelos por todo o corpo ou espinhos nos braços e cabelos emaranhados.
Sua audição é extremamente aguçada, ouvindo facilmente até mesmo o mais baixo dos sussurros. Sempre está com fome e sai à noite, acompanhando da ventania e gosta de se alimentar de seres humanos, principalmente criancinhas, por terem a carne mais macia.
A origem dessa figura do folclore vem do militar francês Pierre Labatut, mais conhecido por aqui como Pedro Labatut, que veio ao Brasil em 1812. Na época da Guerra de Independência da Bahia, em 1823, atuou de maneira cruel contra os oficiais portugueses que não queriam apoiar a independência do país.
O militar era tão violento que originou a lenda do monstro, que recebeu seu sobrenome.
A famosinha do folclore: Cabra Cabriola
Essa é uma das figuras mais famosas do folclore nordestino – sendo destaque até em histórias da Turma da Mônica!
Por sua grande fama, existem diversas variações quanto a sua origem. Uns dizem que ela é de Portugal, outros de Pernambuco, ou até mesmo do Piauí.
A única coisa que nunca muda é o fato dela soltar fogo e fuligem pelos olhos, boca e nariz – mas também, é a semelhança que para por aí. Alguns dizem que ela tem uma forma humanoide misturada com uma cabra, outros que ela é apenas uma figura apavorante e nada parecida com o animal.
Ela também possui a capacidade de alterar sua voz e adentra as casas de maneira sorrateira. Gosta de comer crianças – boas ou más, embora os pais costumem contar que ela prefira os levados. É muito esperta, preparando estratégias para realizar suas maldades.
A lenda do Quibungo
De origem africana, esse monstruoso folclore se enraizou apenas na Bahia. A lenda foi trazida por escravizados bantos da região de Angola e Congo. No dialeto, quibungo significa “lobo”, mas pode ser também “ladrão” ou “invasor”.
Por isso sua aparência é uma mistura entre homem e animal, com uma cabeça grande e enorme buraco nas costas, por onde ele devora as crianças que não querem dormir.
É uma variação do bicho papão, novamente utilizado para disciplinar crianças mal comportadas. É comumente associado ao “Homem do Saco” (também conhecido como “Velho do Saco”).
Apesar de sua aparência horrenda e crueldade, não é esperto e também é covarde. Devido a sua vulnerabilidade, já que pode ser morto facilmente.
Gostou de saber mais sobre essas lendas? Para ler mais conteúdos como esse, acesse o nosso blog.